sábado, 27 de julho de 2013

RECONSTRUÇÃO

 
Calha estatelar-me contra as rochas da vida
Às vezes, por vezes
Mais vezes as que as rochas se estatelam contra mim
Fracturas várias acontecem
Não sendo as dos ossos as piores
Pensos rápidos não chegam
Às vezes, as mais das vezes
Tratamentos mais intensos, profundos
São impostos
Marcas ocultas
Todavia, sempre à espera de mostrar as garras
Cravam-se mais que as próprias feridas
Hoje observei o mar com atenção
Quanta atenção!
Também ele se estatela contra as rochas
Estrondo bem mais poderoso do que o meu
Porém não se fractura
Mão lhe fica marca
Apenas muda o rendilhar da espuma
Mas esta muda sempre
É marca própria, que não ferida
De resto, o mar evapora-se aos poucos
E, do mesmo modo, se reincorpora
Aos poucos, mas seguramente
Permanece naquele vaivém contínuo
Sua sina
Já a minha sina é outra
Permaneço, é certo
Mas a prazo, mas partida
Pedaços soltos, desgarrados
Unidos por estranha cola
Qual recomposta boneca destruída
Vestida de novo
Disposta a enfrentar a vida
Contudo não me trocava pelo mar
(E como amo o mar!)
Que a eternidade assusta
Qual rocha repetida. 

 

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