ao fundo, o rio largo, soberba passadeira azul
debruada da altura verde das colinas
omito os monstros esporádicos de cimento armado
feias imposições, mal situadas
o lado impróprio da realidade
podiam pintar-lhes paisagens em trompe l`oeil
ninguém se lembrou, parece
deviam pintar-lhes paisagens em trompe l`oeil
ninguém reparou, parece
outras tantas colinas, salpicadas de flores
um rio outro, paralelo
pássaros brancos, rodeados de prata
meros exemplos, a multiplicar
abstraio dos monstros esporádicos de cimento armado
apago-os com um trompe l`oeil imaginário
fixo-me sobre e é azul, um azul sem mancha ou inquietação
desço os olhos, mergulho picado sobre o rio
superfície ao de leve franzida
suave manto de crepon
por lá deslizam anónimos transeuntes
levados por velas brancas, serenas
o vento é breve, apenas se percebe na quebra do calor
fim de Verão, já escurece pelas 20H
vou tecendo o meu contínuo em trompe l`oeil
a harmonia merece a prevalência que a minha sobrevivência exige
quem diz harmonia diz assim
outra coisa qualquer
claro que não é outra coisa qualquer
sei o que é e basta
mesmo que em trompe l`oeil
esta realidade é minha
este contínuo é meu
e vou tecendo...
Nota: imagem obtida em pesquisa do Google.
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