domingo, 29 de março de 2015

AJA


Bem que não queria, afinal estava tão comodamente  instalada no criticismo participativo! Quer dizer, vinha exercendo a intervenção cidadã, através da análise da realidade circundante.

Todavia, a capacidade foi-se-me esgotando, não por falta de objecto de incidência, mas porque este passou a situar-se em planos que exorbitam, manifestamente, a lógica de qualquer crítica: porque quebram todos os padrões de julgamento ético, dada a torpe violação das fronteiras mínimas do aceitável; porque quebram todos os padrões de julgamento racional, dada a grosseira irracionalidade de que padecem. E por aí fora...

Simultaneamente expressão e corolário mor desta realidade, logo, paradigma dos paradigmas, foi, por certo, o comportamento do mais alto magistrado da nação, quando, na tentativa de desvalorizar o impossível de desvalorizar - toda a polémica das dívidas do primeiro-ministro à segurança social, aliás, não consideradas, (também) pelo próprio, como motivo de pedido de demissão! - assobiou para o lado, aliás, cheirou para o lado. Vocês sabem, anunciou que já sentia um cheirinho a campanha eleitoral, insinuando tratar-se de lutas partidárias... 

Que comentário pode isto merecer de qualquer cidadão minimamente esclarecido, inteligente e preocupado com a dignidade própria e institucional? Nenhum! Nenhum, porque, como digo acima, está muito para além das razoáveis fronteiras da transgressão/aceitação, no plano lógico e deontológico.

Talvez tenha sido aí que, olhando para o copo do meu descontentamento e estupefacção  me deparei com a última gota, a que fez transbordar o conteúdo. Ou seja, concluí que estava na hora de mudar de registo! 

Eis por que, alguma reflexão depois, decidi criar um anti-partido, o Acção Já!, abreviadamente, AJA.

Como anti-partido que é, o AJA não arregimenta militantes ou dirigentes, não faz promessas, não pede nem aceita subvenções estatais ou qualquer outra espécie de donativos, não participa em arcos governativos nem etc. Limita-se a ter uma ideologia, uma missão e uma visão: 

(como uma fotografia ao acaso inspira a criação dum anti-partido e se transforma no respectivo cartaz :)


      


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