segunda-feira, 4 de maio de 2015

GAJOS DE SUCESSO!

(QUE É COMO QUEM DIZ, TODOS BONS RAPAZES)

Sei que há muita gente a zurzir no primeiro sinistro - perdão, ministro - de Portugal, Dr. Pedro Passos Coelho.
Integrando esse universo (de zurzidores), não posso, todavia, deixar de reconhecer algumas medidas do governo ou, mesmo, iniciativas aparentemente pessoais, que só abonam em favor de tão ilustre governante.
Quando, a avaliar pelos tsunamis de candidatos a candidatos a Presidente da República, que, nos últimos tempos, vinham invadindo a estagnada costa lusitana, cheguei a admitir que as respectivas eleições estavam aí à esquina, impedindo o protagonismo mediático a qualquer outro evento, nomeadamente, o dumas tais eleições legislativas, eis que alguns fenómenos mais ou menos recentes vieram demonstrar a existência de vida para além das presidenciais, remetendo-as lá mais para o Natal (ou, pelo menos, para quando alguém tiver o azar de tropeçar numa qualquer pedra da calçada, vendo surgir de lá debaixo um novo candidato a candidato àquela coisa). 
Efectivamente, rompendo com o marasmo liquidatário em que se encontra, duas relevantíssimas e emblemáticas medidas foram adoptadas: a) proibição de venda de bebidas alcoólicas a menores de 18 anos; b) proibição de fumar em  certos locais públicos, tipo restaurantes, nos espaços expressamente reservados ao efeito (mediante obras previamente impostas).
A medida a), para cuja fiscalização, segundo versão generalizada,  não há meios, é, pois, de realçar, desde logo,  pela sua esperada eficácia. 
A medida b), embora em si mesma possa parecer um bocado disparatada, especialmente depois da imposição de obras por certo bem dispendiosas, para acondicionamento dos tais espaços de fumadores, destaca-se, naturalmente, pela coerência.
Todavia, a real valia de tais medidas deve ser perspectivada num contexto mais amplo, pois deverão vir a ser complementadas com as seguintes: c) proibição de venda de anticoncepcionais a menores de 18 anos; d) proibição de inspiração de fumos de escape aos sem abrigo estacionados na Av.ª da Liberdade e noutras artérias da capital.
Tratando-se, sem lugar a dúvidas, de medidas verdadeiramente paradigmáticas da preocupação governativa pela saúde e bem-estar dos portugueses, convém assinalar que Pedro Passos Coelho foi bem mais além e, à dica da emigração - aqui há atrasado, como bem se lembrarão -, aditou mais uma recomendação em prol do sucesso dos portugueses, agora sob o ponto de vista da realização profissional e proveitos conexos, ou seja, apresentou - não um, mas - o modelo de empresário de sucesso, a saber, o Dr. Dias Loureiro.
Ora, se a dica da emigração surtiu basto efeito, não só em termos do expurgo de valores nacionais e outros que por cá pesavam, mas também pela incidência na assombrosa descida da taxa de desemprego, com indesmentível crédito do governo, tudo augura que a nova recomendação não lhe ficará atrás.
É claro que Pedro Passos Coelho se esqueceu de mencionar alguns dos requisitos curriculares prévios, a saber:

  • Pertença a um governo do Prof. Cavaco Silva;
  • Sequente transição para o cargo de banqueiro, num Banco criado ou patrocinado por amigos e/ou ex-colaboradores do Prof. Cavaco Silva;
  • Empossamento como conselheiro de Estado;
  • Alegada suspeita, caso não indício, de participação na fulgurante derrocada do dito banco, com passagem da factura dos inerentes prejuízos - de milhões e milhões de euros - aos contribuintes portugueses (nesta condição também denominados lorpas);
  • Sustentação no dito cargo de conselheiro, pela bondosa mão do Presidente da República, Prof. Cavaco Silva, até não mais poder ser (talvez em nome duma aparência mínima de decoro, embora creia que foi por outro motivo...);
  • Passagem por uma parte do mundo, com destaque para Cabo Verde, vá-se lá saber porquê;
  • Impunidade (face à alegada suspeita, caso não indício... etc. e tal);
  • Ocultação dum anexo ao escritório ou casa de banho ou lá o que era residencial, por alegado esquecimento (que agora se compreende perfeitamente, pois devia conter as receitas secretas dos queijinhos do sucesso);
  • Depois, sim, mergulho no empreendedorismo real, na modalidade queijinhos e derivados ou vice-versa (derivados ou vice-versa já sou eu a especular).
Mas uma coisa é certa, todos os portugueses, podendo embora não ter corrido mundo, já viram (e, sobretudo, já ouviram muitas coisas, diria mesmo, coisas de pasmar!). Pelo menos esse requisito do sucesso, segundo Pedro Passos Coelho, modelo Dias Loureiro, ninguém lhes pode negar. A menos que andem por aí distraídos. Portanto, com sorte e engenho, mesmo que sem passado curricular relevante, qualquer português pode candidatar-se, se não a empresário de sucesso, pelo menos a gajo de sucesso. 

(Imagem obtida em pesquisa Google)







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