quarta-feira, 16 de setembro de 2015

NOCTURNO


porque a noite era longa, encurtou o sono
(parece contra senso, eu sei)
porque o dia era perto, fechou-se nas trevas
(talvez pareça contra senso, eu sei)

pendurou-se em voos de morcego
suspendeu-se no olhar das corujas
(já pensaram como o olhar das corujas é tão diferente do olhar dos gatos ou talvez não?
por acaso alguém parou para pensar?)

porque o tempo se estendia, espreguiçou-se no requinte do nada
porque o tempo escasseou…
(sim, de repente, o tempo escasseou)
… atarantou-se na maré dos fragmentos

são o quê, todas as perguntas sem resposta?
servem para quê, as respostas a todas as perguntas?
(já pararam para se interrogar? para que servem as perguntas, as respostas e o abismo de ignorância que as une e separa?)

não é insónia, se quiser fecha os olhos e dorme
apenas gosta de aproveitar a noite, auto estradas de desertos lisos
néons perdidos no acaso, ao acaso
bombas de gasolina bêbadas, a cair sobre depósitos sedentos de carros estremunhados

promessas de amanhãs diurnos, sabidas incumpridas
adiamentos tácitos
(ou será tácticos?)

gloriosas certezas do que não
e um mar por perto
(calhando)











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