quinta-feira, 20 de outubro de 2011

INDIGNADA, E MUITO!

Se me pedissem uma definição dos tempos que correm, limitar-me-ia a dizer, difíceis e perturbadores.
Difíceis, pelas razões óbvias (só as não verá quem não quiser), de que saliento as tão drásticas e violentas quão sistemáticas e céleres medidas, que vêm sendo adoptadas por sucessivos governos, com relevo para o actual, em detrimento das classes destituídas de poder - conceito que me parece o adequado a abranger (já) não só as classes tradicionalmente mais desfavorecidas, mas também e, diria mesmo, sobretudo, a usualmente designada classe média, nas suas várias gradações – e que têm como contraponto um tão exacerbado quão descarado proteccionismo da classe dotada do poder – sim, este conceito alberga uma única classe, a detentora dos interesses do grande capital/finança, que, como está à vista de qualquer pessoa medianamente inteligente e atenta, é a que, verdadeiramente, governa o mundo, embora por interpostas pessoas, a quem o poder de governar é atribuído por processos formalmente democráticos, mas cuja legitimidade democrática se esvai, posto que, uma vez colocadas no poder fazem, exactamente, o contrário daquilo que prometeram, quer dizer, daquilo a que se comprometeram, em (dispendiosas e, vai-se a ver, falsas) campanhas eleitorais.
Portanto e em síntese, assiste-se a um monumental e vergonhoso aumento do, já por natureza, enorme fosso que separa, sem contemplações, as, por mim denominadas, classes destituídas de poder e a classe dotada do poder, o que, em minha opinião, representa um desalmado retrocesso num caminho, possível e desejável, de diminuição desse fosso, que já nem digo da sua supressão.
Criando, pois, cada vez mais vastas legiões de escravos, ao serviço de um reduzidíssimo vip clube.
Tudo isto, rompendo, violenta e impunemente, o paradigma do Estado Social, mas também o do próprio Estado de Direito, a par de um conjunto de princípios tão elementares quão necessários à Paz Social e à Saúde Colectiva (e não me refiro, neste caso, à saúde física), como sejam, o do Respeito pelo Próximo, o da Solidariedade Social, o da Justiça e o da Equidade.
Tudo isto, com recurso a estrondosas manipulações, mentiras e argumentos falaciosos, nomeadamente, a começar nas promessas eleitorais e a acabar no seu descarado incumprimento, sob alegação de factos (???) cuja demonstração objectiva e inequívoca nunca é posta ao nosso alcance, vá-se lá saber porquê (cá por mim, até faço uma ideia). Com violação, portanto, dos mais elementares princípios de Transparência, como sejam os da Verdade e da Prestação de Contas.
Daí que, a par de difíceis, considere estes tempos perturbadores!
Acrescem, evidentemente, muitos outros motivos de perturbação ou apreensão, que se prendem, essencialmente, com a aparente incongruência (mesquinhez, estupidez, plano negro?) das razões (definitivamente, não razoáveis) deste status quo e, inerentemente, com a sua evolução (a menor réstia de lucidez não permite augurar um bom desfecho).
Por agora, fico-me por aqui, pois, aqui e agora, este exercício pretendeu, apenas, testemunhar o fundamento por que participei na manifestação do passado dia 15 (a de Lisboa).
Esse fundamento tem, pois, um nome: INDIGNAÇÃO!
Essa participação tem, pois, um sentido: CUMPRIMENTO DUM DEVER CÍVICO!
Em qualquer caso, em nome da DEFESA DE DIREITOS ESSENCIAIS e, sobretudo, de PRINCÍPIOS INALIENÁVEIS! 
Quem conseguiu ler até aqui, talvez esteja interessado em ver as fotos que seguem, ilustrativas da MANIFESTAÇÃO PACÍFICA DOS INDIGNADOS.

A palavra de solidariedade que os políticos não deram!

Pois, também!

Perguntas bem!

Tentar a sorte!

Foragida, pois!

Chamar os "boys" pelos nomes ...

Devia ser, devia ...

Há alternativa: a escravatura passiva!

Criatividade em estado puro!

Assim seria, num Estado de Direito!

A cada cidadão, pensar nisto, na hora de votar!

Não é a casa do anterior Passos Coelho?

Indignação também é luto!

Em memória de ...

Manter-se-ia a fome, dada a desproporção ... (mas deveria ser motivo de séria reflexão, para os ricos)

A monumental e merecida assobiadela, à passagem deste friso, ali ao Rato!

É assim, não há causa sem consequência, ou seja, uma globalização leva à outra ...


O que é isto, Mãe?

Vá-se lá saber porquê, figurei um coelho em vez do cão, um coelho-cão, entenda-se!

Oh! Oh! às ordens de quem correu esta filmagem contínua?

A manifestação é PACÍFICA, mas nunca se sabe, devem ter pensado os mandantes dos srs. Agentes; eles lá sabem o que merecem ...

Afinal, estamos todos no mesmo barco, não?

Quem tem medo do teu rugido?

FOMOS MUITOS!

É, exactamente, do que se trata!

Outras vozes!

Sou levada a crer que a ideia final é, mesmo, essa!

Uma face única, mais tarde ou mais cedo ...

Oh! Oh! Ganda filme!

É no que dá!

ONDE PARA A JUSTIÇA?

ONDE PARA O DINHEIRO?

Um futuro de incerteza que a ternura não devia consentir!

E o BPN, pá? E as privatizações, pá? E a Madeira, pá? E a República, pá? E ...

Os escravos levantam-se!

Gregos e mal pagos ...

Postos a, vilmente, servir 1%!

Da cor dos cravos!

Eleva-se um, qual mensageiro!

O reforço policial ...

E o reforço popular ...

Um leão domado!

A chatice é que nós vamos no barco, embora não tenhamos escolhido estes comandantes!

TODOS JUNTOS

ATÉ CONSEGUIRMOS

POR UM PORTUGAL MELHOR!

Após um mais que longo Verão, invasor do Outono, as nuvens adensam-se sobre ...

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

AINDA A PROPÓSITO

Ainda a propósito do meu anterior post, não posso deixar de chamar à colação aquele que aqui deixei em 2 de Julho passado, intitulado, PROMESSAS FATAIS/SÓCRATES 2.

É que o mesmo demonstra, à evidência, que, em certos casos e com certos personagens, A REALIDADE ULTRAPASSA, DE LONGE, A PREVISÃO, POR MAIS AVISADA QUE ESTA POSSA SER (que ultrapassava a ficção, já se sabia).

QUINTA-FEIRA, TREZE

Há pouco, disse-me um Amigo que tinha visitado o meu blogue, à procura de reacção à comunicação televisiva das oito e pouco de ontem.
Respondi-lhe que, apesar do estado de choque, não deixei de reagir, só que na minha página de FB. E, não pertencendo ele a este mundo virtual, prometi-lhe dar, aqui, eco do que lá deixei, no calor da noite e da revolta, por volta da 1 da matina.
Como não consegui - nem sei se é possível - copiar/colar a dita publicação, passei-a à mão - descobrindo, com surpresa, que ainda consigo escrever dessa forma - e aqui a transcrevo.
Dá um bocado de trabalho, mas o que não faz uma bloguista interventiva e sem feedback para manter um, quem sabe se único, leitor, mesmo que não dado a tecer comentários? 
Então,  Caro Z. M., dedico-te o que segue, a ti e ao sr. Passos Coelho (com diferentes intuitos, mas isso tú sabes, não carece de explicação):

O calendário só pode estar equivocado, pois seguramente que ontem, dia 13, é que foi sexta-feira, sexta-feira 13, com toda a malignidade que costuma ser atribuída a esta data. Eu nem sou supersticiosa, mas lá que um MONUMENTAL AZAR se abateu sobre nós, lá isso é verdade!
Qual é o sentido duma tal PERSEGUIÇÃO AOS TRABALHADORES, em geral, funcionários públicos, em particular, e aos REFORMADOS? Será pura lógica capitalista ou incompetência pura, tal o desvario da artilharia orçamental?
Pergunto-me, também, a quem pode servir, no limite, a MARTIRIZAÇÃO DUM POVO.
Pergunto-me, também, quais os cânones ético-políticos daqueles comentadores da treta que, bem do alto das suas cátedras mediáticas, louvaram a enorme coragem do mensageiro? CORAGEM??? Coragem seria ter de viver nas condições mínimas que impõe aos trabalhadores, coragem seria ler a desgraçada comunicação perante uma assembleia de trabalhadores, por exemplo, ir ao encontro dos manifestantes do próximo dia 15 e explicar-lhes o que não explicou, ou seja, o fundamento da opção por estas medidas assassinas em vez doutras, v.g., de tributação dos rendimentos do capital e das grandes fortunas.
Só não pergunto que nome tem este MONUMENTAL AZAR, ele tem um nome e este nome (imediato) é GOVERNO DA REPÚBLICA.

Ilustro com a imagem infra, que criei há uns tempos, e a que, vá-se lá saber porquê, dei o nome de fight.




quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O RUÍDO DOS INOCENTES

Tenho-os visto e ouvido por aí, circulando em bandos, pelas bandas das Avenidas Novas, em alegre e ruidosa algazarra, como se o seu reino fosse a despreocupação, o seu motivo, a festa, a sua esperança, um horizonte longínquo, tão longínquo quanto desnecessário de antecipar, a sua filosofia, o dia, o dia e a noite, de preferência mergulhado em copos, não os copos da dor e do esquecimento, mas os da extroversão e do riso.

Aflige-me vê-los enrolados em camadas de roupa preta e grossa, mas isso é por causa do calor que abrasa por este Outono dentro, tanto contra o meu gosto e resistência.
Vislumbro neles a inocência, uma certa forma de inocência, ou será antes ingenuidade ou distracção ou falta de discernimento ou outra coisa qualquer ou nada disto ou, mesmo, o seu oposto?
Será que não se apercebem de quanto à rasca o País está? De quão à rasca irão encontrar-se na sobremesa dos canudos, a acreditar no corolário que os factos impõem?
Enfim, olho para eles com uma certa sombra, que é de apreensão pelo futuro, mas também de censura, por me parecerem revelar tão pouca consciência cívica – confesso, embora sabendo que isto cai mal e que, talvez e no mínimo, serei considerada demasiado exigente.
Então, há dias, a algazarra ressoa através dos vidros da janela, levando-me a abri-la e a espreitar.
São eles, as Meninas e os Meninos em preto afogados – e, seguramente, afogueados -, embora, desta vez, com um azul sobreposto, que se organizam em cortejo, a caminho de um qualquer destino.
Corro a apanhar a câmara fotográfica, disposta a captar o momento – o momento do seu contentamento, do seu intervalo lúdico e, quem sabe se lúcido – e eis que eles me captam, improvisando, de imediato, uma afinada serenata, acompanhada de palmas: menina estás à janela, com o teu cabelo ao vento, com o teu cabelo ao vento, menina estás à janela, men …
Vou disparando a câmara, no meio de sorrisos, enquanto a sombra com que os olho – olhava – se esfuma no nevoeiro da conciliação e o meu reino passa a ser o seu reino, seja ele qual for. Who cares?
Afinal o que eu, verdadeiramente, quero é que a Vida lhes depare muitas oportunidades e que eles as saibam agarrar, com o sentido de urgência, a competência, a generosidade e a alegria com que agarraram a minha ida à janela.



Felicidades para todos os Estudantes deste País!
E que, pelo caminho, não deixem de criar a necessária consciência cívica, para conseguirem inverter a síndrome geração à rasca.