Não entendo, por mais que me esforce, não consigo entender! Porquê tanta ira vociferada contra aquele coisinho holandês, com cara de fuinha e nome impronunciável, pela simples razão de ter imputado às atrasadas hordas do sul da Europa um alegado esbanjamento em copos e mulheres, do dinheiro gentilmente cedido pela solidariedade nórdica?
Caiam-me em cima se quiserem, mas não serei eu, por simples receio de destoar da opinião comum/oficial, a abster-me de defender este Diácono Remédios do norte europeu, tão indefeso me parece. Choca-me que, até ao momento e tanto quanto me foi dado testemunhar, nem sequer o Dr. Passado Coelho tenha vindo em sua defesa, sim, esse ex(-futuro)-primeiro-ministro de Portugal, que, quando a mandona Frau Merkel ou o distorcido Herr Schaubel o mandavam ajoelhar, já tinha obedientemente as calças por terra (bem, nem imaginam como ansiava, há anos, poder usar esta máxima, que considerei o máximo, quando a ouvi a propósito dum alto dirigente dum organismo público que tinha por hábito obedecer devota e prontamente a tudo quanto os gabinetes ministeriais mandavam...).
Se eu, como mulher, não me sinto ofendida pelas bocas do Sr. Jeroen Dijsselbloem (ou lá como se chama)? Agora que penso nisso, talvez, pelo menos um bocadinho. Afinal ele limitou-se a referir os copos e as mulheres, enquanto objecto de inqualificável vício. Não percebo porque não incluiu, a par das bebidas alcoólicas (vulgo, copos), por exemplo, os chocolates - como se sabe, muito boa gente desviou o dinheirinho da caridade europeia da salvação de bancos e de políticos corruptos (como era sua função) para a compra de chocolates, na tentativa desvairada de atenuar a angústia e ansiedade geradas pela austeridade; por outro lado, em matéria de prostituição (vulgo, gastos com mulheres), das duas uma, ou pensa que as mulheres são todas mercadoria ou que são todas lésbicas (note-se que não aludiu a gastos com homens...). Portanto, apesar das suas funções de Diácono Remédios ou, talvez, exactamente em razão das mesmas, parece manifesto que o pequeno Jeroen pecou por preconceito e discriminação.
Mas agora pergunto-me, quem nunca pecou por preconceito ou por discriminação, para já não aludir a injúria, calúnia, mania da superioridade, todos os inerentes desdobramentos e ismos (racismo, sexismo, etc.) e, o que é mais, falta de vergonha e estupidez pura? Vá lá, atirem pedras!
Não vislumbrando qualquer pedra a aterrar por aqui, vou directa ao verdadeiro ponto, aquele que me desviou da prossecução da escrita dum magnífico romance em curso para este exercício mais ou menos rasteiro. E o ponto é que importa compreender o Jeroen! Afinal, quando alguém se permite criticar, melhor dizendo, inventar vícios alheios, algo maligno subjaz por lá, algo que pode revestir variadas configurações, uma das quais dá, seguramente, pelo nome de inveja. Ok, podem dizer-me que o coisinho não tem razões para inveja, sendo a capital da sua terra, aliás, conhecida pelos talhos do Red Light District, pela variedade de ganzas livres, vendidas de porta aberta, e, tanto quanto se sabe, pela abundância de copos, por assim dizer - aquilo do símbolo nacional, remetendo para suminhos à base de vitamina C, é só para distrair os pacóvios do sul. Mas, como toda a gente sabe, ter à disposição não é poder! Ou seja, apesar da prodigalidade da oferta, sabemos lá nós as desgraçadas limitações do Jeroen! Daí à inveja, como qualquer bom psicólogo não deixará de corroborar, vai apenas um pequeno passo, quer dizer, um pequeno passo para ele e uma enorme rasteira para a humanidade do sul (isto é só para parafrasear mais ou menos não sei quem).
Vai daí, parece-me, francamente, que o que o Jeroen mais precisa é de compreensão e, ainda mais do que isso, de uma mostra efetiva de mimo. Ora, que melhor mostra efectiva de mimo do que um presentinho?
Por estas razões, deixando de lado sentimentos mesquinhos, eventualmente ditados pela minha qualidade de cidadã do sul da Europa, preparei, cheia de amor e gratidão pela solidariedade da Europa do norte, um cabaz destinado ao Jeroen Dijsselbloem (em português pronuncia-se Já-era Dizes-só-blasfémias), com a seguinte composição:
- 1 garrafa de Licor de Merda (garanto que é muito bom);
- 1 boneca insuflável (não faço ideia...);
- 1 cruz suástica (muito do agrado do ido Herr Hitler).
(Imagens obtidas em pesquisa no Google) |
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