QUER DIZER, OS TOTÓS!
Então é assim, estava eu (aliás, ainda estou) com uma inesperada gripe, com este tempo, não dá para acreditar, desatei a desatinar coisas estrambólicas, susceptíveis de me desviarem dos pensamentos enviesados que costumam acometer-me sempre que sou obrigada a fazer ou não fazer qualquer coisa contra vontade, no caso, ficar presa em casa a beber muitos líquidos, engolir antibióticos e xaropes e, sobretudo, estupidificar, por inacção imposta, inacção não é mau, mas só quando desejada ou depois de morta, aí convém.
Cinéfila como sou, dei comigo a pensar na proximidade dos ÓSCARES DA ACADEMIA, em como gostava de, uma vez na vida, assistir à cerimónia, devidamente escoltada, por exemplo, pelo Colin Firth, pelo Ryan Gosling ou pelo Jack Nicholson, quando, impactada pelo irrealismo da divagação (a bem dizer, é mais invenção, estou a inventar um prelúdio, para criar clima ao que segue, nada que não possa subsumir-se ao conceito de escrita criativa, acho).
Desci, então, à realidade e, perante a inexistência duma verdadeira indústria cinematográfica nacional, imaginei que, ainda assim, poderia organizar-se, com as devidas adaptações, uma atribuição de ÓSCARES DA ACADEMIA aos nossos amados políticos, mas com um nome diferente, a saber, TOTÓS DA NAÇÃO. Uma espécie de bem merecido reconhecimento pelos maravilhosos filmes que eles fazem o favor de produzir, realizar e protagonizar. Eles e outros, entenda-se.
Apesar de ter pensado muito, ainda não encontrei o Billy Crystal nacional, talvez o Júlio Isidro sirva, também não é bonito, mas tem muita prática de apresentações, consta (ainda será vivo?); quanto aos filmes, a dificuldade situou-se, apenas, ao nível da escolha, tantas foram as nomeações.
Então, está na hora, de anunciar,
OS TOTÓS DA NAÇÃO VÃO PARA
TCHARAM...
- Melhor filme mudo e sem acção: NÃO COMENTO, NÃO ACTUO, LOGO NÃO EXISTO, produção, realização e interpretação de Aníbal Cavaco Silva, também conhecido por holograma do PR;
- Melhor thriller movie: ESTE PAÍS NÃO É PARA VELHOS, NEM PARA NOVOS, NEM PARA PORTUGUESES, produção, Luso-Germano-UE-FMI, realização, TROIKA, assistente de realização, Pedro Passos Coelho;
- Melhor filme dramático e de acção: O TALENTOSO MISTER PORTAS, produção, realização e interpretação de Paulo Portas; Alto patrocínio dos Mercados. Assistente de iluminação, Pedro Passos Coelho;
- Melhor comédia romântica: APANHEI-TE, IRREVOGAVELMENTE, PEDRO! (sequela do anterior, mesmos créditos);
- Melhor filme de zombies: O MORTO-VIVO FINOU-SE, produção, bases do PS, realização, ninguém, interpretação, António José Seguro, aplausos, António Costa, risos, Pedro Passos Coelho e expectativas, Paulo Portas;
- Melhor filme desengonçado: A HIDRA - SÓ COM DUAS CABEÇAS NÃO VAMOS LÁ, produção e realização, BE, interpretação, João Semedo e Catarina Martins.
- Melhor filme musical: AS GALERIAS SÃO NOSSAS, produção, PCP-CGTP e outros, realização, Arménio Carlos, interpretação, um grupo de cidadãos, banda sonora, Grândola, Vila Morena;
- Melhor filme 3ª idade: MANIFESTEM-SE: É AGORA OU NUNCA MAIS!, produção, realização e diálogos, Arménio Carlos; interpretação, reformados e pensionistas; banda sonora, O Povo Unido Jamais Será vencido;
- Melhor filme de agro-pecuária: CRISTAS DE GALO NÃO FAZEM MILAGRES, produção e realização, Governo, sob o alto patrocínio de Paulo Portas, interpretação de Assunção Cristas;
- Melhor filme psicológico: A MULHER QUE SE CHAMAVA GASPAR, produção e realização do Governo, interpretação, Maria Luís Albuquerque, visualização à distância, Gasparzinho;
- Melhor filme estrangeiro: A BACIA JÁ SELOU, À VOSSA PERNA AQUI ESTOU!, produção, realização e interpretação, Angela Merkel, 1º assistente de realização, Pedro Passos Coelho;
- Melhor documentário sobre arte (categoria especial): MIREI E JÁ NÃO ESTAVAM LÁ, produção, realização e interpretação, Governo, sob o alto patrocínio do Gang do BPN, actriz secundária, Christie,s, actor mais que secundário, Joan Miró.
Se não tiveram o privilégio de ver estes magníficos filmes (duvido!), não desesperem, outros se lhes seguirão, de idêntica ou superior craveira, para não falar na realidade que, essa, supera em muito a ficção!
Por falar nisso, vou ali ver se os medicamentos têm efeitos secundários...
Por falar nisso, vou ali ver se os medicamentos têm efeitos secundários...
Está maravilhoso, dei umas boas gargalhadas, pena é que seja uma imagem da triste realidade em que nos encontramos e da qual não temos esperança de sair.
ResponderEliminarObrigada, Ana. É bom saber. Mais um comentário como o teu e vou tentar carreira como comediante...ou assim qualquer coisa :).
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