Hoje, enquanto procurava um poema escrito há não sei quanto tempo, no tempo em que ainda usava papel e esferográfica (e os animais falavam!), deparei-me com um texto datado de finais dos anos 80 do século passado, no qual relato uma história verídica (entretanto passada ao esquecimento), cuja releitura me fez sorrir. Aqui a deixo:
A Inês é uma criança muito engraçada. De bebé, era mesmo linda, com uns enormes olhos azuis (ou verdes), farta cabeleira loira e pele clara e sedosa. Agora cresceu, não muito, não parece que vá ser alta. A cabeça é grandota. Não está tão bonita, mas mantém a graça. Aquela coisinha tão pequena diz tudo, exprime-se muito bem. Tem três anos. É filha de uma vizinha - de bom dia, boa tarde - e tem sido criada pela porteira cá do prédio, com muito carinho, ao que parece.
Um dia destes, ao chegar a casa, fui abrir a janela da sala, como de costume. A Inês estava lá em baixo, no pátio.
- Olá, Inês!, saudei, cá de cima.
- Olá!, respondeu.
Palavra puxa palavrinha, perguntou-me:
- Porque estás a abrir a janela?
- Para entrar fresquinho, respondi.
- Olha que está vento! (como se quisesse avisar-me para ter cautela, não fosse constipar-me...).
Hoje, a cena repetiu-se. Lá estava ela, como se à minha espera (faz de conta, claro!).
Palavra puxa palavrinha e ela:
- Como te chamas?
- Isabel.
- E o teu marido?
- Não tenho marido.
- Porquê, morreu?
- Não, não tenho...
- Mas vais comprar?
- Sim.
- Então precisas de muito, muito, muito dinheiro! (e os bracinhos acompanhavam as palavras, às voltas, desenhando círculos, como a significar a grande quantidade de dinheiro que seria preciso para comprar um marido...).
É muito engraçada, a Inês!
(Imagem obtida em pesquisa Google) |
gostei
ResponderEliminarObrigada, Alexandra! É bom saber! :)
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