franjas da noite escorregam devagar
anjos doces dão as mãos, esvoaçam para longe
cânticos de pássaros bicam-me o coração
franjas da noite agigantam-se sobre as copas das árvores
sombras desenham-se, escuras
anjos etéreos de mãos dadas perderam-se no longe
espalha-se um sossego milenar
paz tornada possível
como se a guerra não fosse deste mundo
e os homens não padecessem da natureza humana
crianças aquietam-se em seus berços curvos
ondulam em sonhos inéditos
a lua ainda não é plenamente
o sol esvaiu-se
nem uivo de lobos
nem praguejar de sapos
tudo é silêncio
remoto silêncio
os mortos sossegam seus restos de nada
e os vivos talvez tenham morrido
essa é a hora
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