eis o tempo a repetir-se
o pai natal pôs-se a mexer
arranjou lauto farnel
deu um beijo à mãe natal
despediu-se dos duendes
agradeceu-lhes o labor
carregou embrulhos mil
todos muito engalanados
era só papel brilhante
e laçarotes de cetim
mandou assobio às renas
segredou-lhes ao ouvido
não se sabe bem o quê
talvez o itinerário
e pôs-se a milhas, por fim
a tarefa era pesada
mas muito do seu agrado
fazer numa meia noite
o que poucos tinham feito
em certos oitenta dias
(mesmo assim, só em romance!)
ir do norte até ao sul
do leste até ao oeste
sem deixar no esquecimento
sequer uma chaminé
fosse de casa fraquinha
ou do mais belo chalé
aqueceu-se com licor
cantou uma moda alegre
as renas acompanharam
num suave relinchar
(ou relinchar é de cavalos?)
tudo correu à maneira
até uma certa lareira
esqueceram-se dela acesa
ia queimando a traseira
sacudiu as cinzas da roupa
esboçou uma cara feia
depois riu-se divertido e pensou
ora, é natal, não posso levar a mal
por fim, tudo correu bem
empanturrou a barriga
foi leitinho, bolachinhas
e até um potinho de mel
já ele ia de regresso, destino rovaniemi,
deparou-se-lhe uma estrela
com brilho descomunal
apontando lá para o longe
para um caravançarai
apressou-se na descida
apeou-se do trenó
as renas a resmungarem
cansadas de meter dó
é só mais um bocadinho
segredou-lhes ao ouvido
ouviu uma vaca mugir
e um burrinho zurrar
passou pela multidão
e quem viu ele
quem viu ele?
um menino pequenino
acabado de nascer
mãe dum lado, pai do outro,
três reis cheios de presentes
e muito mais pessoal
todos em adoração
perguntou-se, angustiado
e que faço eu agora
já sem nada para dar?
o menino remexeu-se
virou-se para ele e disse
ora essa, pai natal
não quero qualquer oferta
já te vi, fico feliz
o pai natal, intrigado
ia mesmo perguntar
mas o menino interrompeu-o
e disse-lhe devagar
quantos meninos no mundo
já viram o pai natal
o verdadiro?
pensa nisto!
ah! sorriu o pai natal
está bem visto, meu menino...
... Jesus, o meu nome é Jesus
digo-te antes que perguntes
ah! gaguejou o pai natal...
não te assustes, bom velhinho
que não te vou acusar
de concorrência desleal
acho mesmo que nós dois
formamos a equipa ideal
amamos as criancinhas
e mantemos, em conjunto
a magia do natal
despediu-se o pai natal
de coração mais quentinho
montou-se no seu trenó
regressou ao polo norte
esperavam-no, animados
os duendes e a mãe natal
contou-lhes o sucedido
com enorme excitação
abraçaram-se, contentes
beberam uns grogues quentes
e lá foram descansar
(imagem obtida em pesquisa no google)
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