sexta-feira, 20 de março de 2020

COVIDO-TE A ENTRAR: NOVAS OPORTUNIDADES COVID-19


Sei que já não há paciência para falar/ouvir falar do nem-digo-o-nome, mas factos são factos, não vale a pena ignorá-los. Aliás, devemos ir além, ou seja, desvendar como usá-los a nosso favor.

Ora, impedida pelo nem-digo-o-nome (pronto, refiro-me ao Covid-19) de andar por aí a almoçar fora e a comprar comida feita, vi-me obrigada a desencantar dotes culinários onde nunca imaginei que pudessem existir.

Comecei por confeccionar e congelar uma catrefada de hamburgers, o que, afinal, não custou assim tanto: foi só colocá-los directamente numa frigideira anti-aderente (até pensava que se chamava anti-derrapante), juntar um pouco de sal e deixar grelhar muito bem (gosto bem passado), virando dum lado e doutro, retirar, pôr a arrefecer, enfiar em embalagens individuais e meter no congelador! Parecem demasiadas operações, mas posso confirmar serem relativamente rápidas.

Entretanto, comprei tomates cherry e cenouras baby, que basta lavar e pôr no prato, eventualmente, com um pouco de azeite e vinagre (mas estes já existem feitos, nuns frascos, o que facilita imenso).

Desconhecendo quando poderia obter novos hamburgers e, sobretudo, se teria disponibilidade psicológica para os cozinhar, dei em consumi-los com assinalável parcimónia.

Mas a gente tem de se alimentar e, quando, para isso, é imperioso ir para trás dos fogões, parece que a comida desaparece mais depressa (aliás, julgo ser esse o motivo por que sempre embirrei com a cozinha, por ser um trabalho inglório, muitas horas de volta das panelas e depois, vai-se a ver, desaparece tudo num instante e lá tem de se recomeçar).

Assim, dei comigo a intervalar os hamburgers com sanduíches de presunto, queijo ou mistas. Obviamente, também introduzi as conservas, atum, sardinhas, bacalhau... De resto, gosto muito, sobretudo do atum, mas, não tendo cá arroz – e, mesmo que tivesse, desconheço como se cozinha –, não pude seguir as pegadas da Assunção Cristas. Optei por recorrer aos benditos tomatinhos cherry.

Compuz um prato de aparência gourmet, que poderia descrever-se assim: lascas de bacalhau em cama de cherry, polvilhadas com lâminas de azeitona verde e areias de amêndoa torrada (ingredientes estes que aditei, na esperança, conseguida, de animar o prato; e, também, porque, à semelhança do azeite e do vinagre, já se compram prontos a usar). Tenho a dizer que ficou com muito bom aspecto e delicioso.

Todavia, quis a vida voltar a empurrar-me para os cozinhados. Não é que os srs. drs. começaram a censurar o consumo de legumes crus?! Vai daí, resolvi dar aos tomatinhos o tratamento por que fizera passar os hamburgers: banho de frigideira anti-aderente, desta feita, com a mediação de um pouco de azeite. Ficaram fantásticos, simplesmente deliciosos (para além da descoberta que constituiu, para mim, isto de ser possível fritar tomates)! 

O mais importante é que, daí para cá, tenho andado num alvoroço entusiasmado e criativo, a pensar que, mal isto do nem-digo-o-nome acabe, vou lançar-me na restauração, com um espaço gourmet (obviamente, especializado em tomates cherry). 

Inclusivamente já pensei no nome: COVIDO-TE A ENTRAR!


Imagem obtida em pesquisa Google




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