sábado, 20 de julho de 2013

DENTRO DE CASA


Dans la Maison (Dentro de Casa, na tradução portuguesa) é o título dum óptimo filme do realizador François Ozon - que estreou ontem em Lisboa (UCI) -, verdadeiramente representativo da marca própria do cinema de autor francês (enquanto contraponto ao denominado cinema comercial, maxime, norte-americano).
Tendo como objecto (principal), o relacionamento entre um professor liceal de literatura, escritor frustrado, e um seu aluno, especialmente dotado para a escrita, apoia-se no desenrolar de duas outras histórias paralelas - objectos do objecto, por assim dizer -, a da vida daquele com a sua mulher e a duma família sobre a qual este escreve.
Aquilo que é aparente - perversão de voyeurismo, por parte do professor(?), versus perversão de intrusão/usurpação, por parte do aluno (?), num bem orquestrado despique – acaba por revelar-se realidade bem diferente – identidade de vazios e aspirações.
A caracterização e interligação dos distintos universos enunciados, o timing, em crescendo, de inquietação e suspense, bem como o detalhe da abordagem psicológica dos personagens são, apenas, alguns dos aspectos que fazem de Dentro de Casa um grande filme.
Dignas de menção são, ainda, a banda sonora, as magníficas interpretações, e, enquanto elemento substantivo, a apreciável lição de escrita criativa que nos é servida, pela mão do personagem professor.
 
 

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