Dans la Maison (Dentro
de Casa, na tradução portuguesa) é o título dum óptimo filme do realizador
François Ozon - que estreou ontem em Lisboa (UCI) -, verdadeiramente
representativo da marca própria do cinema de autor francês (enquanto
contraponto ao denominado cinema comercial,
maxime, norte-americano).
Tendo como objecto (principal), o relacionamento entre um
professor liceal de literatura, escritor frustrado, e um seu aluno, especialmente
dotado para a escrita, apoia-se no desenrolar
de duas outras histórias paralelas - objectos do objecto, por assim dizer -, a
da vida daquele com a sua mulher e a duma família sobre a qual este escreve.
Aquilo que é aparente - perversão de voyeurismo, por parte do
professor(?), versus perversão de
intrusão/usurpação, por parte do aluno (?), num bem orquestrado despique – acaba por revelar-se
realidade bem diferente – identidade de vazios e aspirações.
A caracterização e interligação dos distintos universos
enunciados, o timing, em crescendo, de inquietação e suspense, bem
como o detalhe da abordagem psicológica dos personagens são, apenas, alguns dos
aspectos que fazem de Dentro de Casa
um grande filme.
Dignas de menção são, ainda, a banda sonora, as magníficas
interpretações, e, enquanto elemento substantivo, a apreciável lição de escrita criativa que nos é servida, pela mão do personagem
professor.
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