este é o tempo
de um tempo outro
urdido de medo e desconfiança
incerteza e dor
mascarados fitam-se de viés
do outro espreita o mal
o mal que vislumbram, em espelho
o mal que vislumbram, em espelho
debruçados para dentro de si
o mal que pode devorar-lhes as entranhas
em pouco mais de catorze dias
este é o tempo
de um tempo outro
do insuspeito e do desconhecido
da dúvida sistemática
da ameaça de vidas desfeitas
como se a vida fosse um adquirido
liberta de outros males à solta!
este é o tempo
de um tempo outro
erguido em reconhecimento e esperança
o tempo em que as crianças são poupadas
enquanto velhos fluem para o nada
desmorona-se o presente
salva-se o futuro
este é o tempo
de um tempo outro
tecido do novo e do antigo
convivem o medo e o disfarce
a gratidão e a crença no amanhã
convivem o medo e o disfarce
a gratidão e a crença no amanhã
festejam-se as crianças
choram-se velhos que partem
mimam-se velhos que sobram
e estes velhos sentem-se gratos e felizes
não são as crianças o melhor do mundo
doces e alegres companheiros de viagem?
este é o tempo
de um tempo outro
um tempo entre parêntesis
mas não é tudo (a vida mesma)
um tempo entre parêntesis?
um tempo entre parêntesis?
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